Não conheci ainda ninguém que perante um diagnóstico oncológico tenha referido que não sentiu medo em algum momento. O medo pode ser diferente, mas ele está normalmente lá.
A forma como lidamos com ele vai impactar o nosso dia a dia, as nossas escolhas, a nossa ação ou a falta dela.
Muitas mulheres chegam até mim porque referem querer deixar de sentir medo, normalmente numa fase pós tratamento em que acreditavam que se sentiriam aliviadas e isso não aconteceu.
Esperaram ansiosamente pelo fim dos tratamentos para respirar fundo, mas o que está para lá dessa barreira não lhes dá a leveza de que precisavam.
A minha experiência pessoal foi muito semelhante a essa, foi depois de todo o processo terminado que mais medo senti, medo da recidiva, medo de que tudo voltasse, medo de que alguma coisa tivesse escapado à equipa médica, medo de viver o resto da vida com medo…
Este foi o momento em que pedi ajuda. Hoje olhando para esse tempo, agradeço a esse medo. Se ele não tivesse sido tão intenso, provavelmente não me teria levado à ação e eu manter-me-ia na minha vida assustada apenas por existir.
Depois de alguns meses de terapia, esse medo passou a ser impulsionador, foi ele que me levou ao passo seguinte. O de voltar a estudar e o de querer adotar um estilo de vida que me diminuísse a probabilidade de voltar a viver tudo aquilo.
O mergulho que ele me levou a fazer trouxe-me à tona novamente. Hoje sei que o medo não desaparece, mas uso-o em meu benefício. Não me paralisa, leva-me à ação. Faz-me manter o foco em manter um estilo de vida que me mantém saudável. Não só nutro o meu corpo como a minha alma e a minha mente.
Se sentes que o teu medo te está a paralisar, a impedir de viver o teu dia a dia com leveza, quero que saibas que é possível viver depois do cancro saudavelmente com ele. Procura ajuda se te sentes assoberbada em lidar com ele. A vida é muito boa de ser vivida, sobreviveste a um evento que pode ser muito traumático, não deixes que ele te assombre o resto da Vida!