Pode parecer estranho estas duas patologias juntas, mas a verdade é que o cancro da mama e a subsequente menopausa induzida que daí advém para além dos tratamentos de quimioterapia, aumenta em muito o risco de desenvolvimento de osteoporose precocemente.
A osteoporose é a condição em que o osso se torna menos denso e logo mais propenso a fraturas sem causa traumática. A mulher tem o seu pico de densidade óssea aos 30 anos, depois disso naturalmente há anualmente uma perda, mesmo em mulheres saudáveis.
A saúde óssea é regulada essencialmente a dois níveis. O sistema hormonal e a força mecânica imposta pela gravidade. Sabemos que a osteoporose tem alguns fatores de risco e ao termos consciência dos mesmos podemos atuar sobre eles preventivamente. E eles são, na mulher, um IMC baixo, menopausa, doença familiar, amenorreia, utilização por tempo prolongado de alguns tipos de medicação, nomeadamente corticoides, níveis de cálcio baixos, sedentarismo, tabagismo, consumo de álcool e a menopausa.
Como podes constatar, há vários fatores de risco na mulher com cancro da mama que coincidem com os fatores gerais. A menopausa precoce induzida, a utilização de fármacos como a quimioterapia mas também a hormonoterapia serão os principais. A diminuição do estrogénio acelera esta perda.
No caso da hormonoterapia que salva vidas, os inibidores da aromatase têm especial impacto na perda de massa óssea e é muito importante uma vigilância periódica através de densitometria nas mulheres que estão sob esta terapêutica.
A osteoporose é silenciosa, não dá sintomas. Muitas vezes o primeiro sintoma é uma fratura espontânea.
Mulheres sob terapêutica com inibidores da aromatase devem para além de ter uma vigilância periódica adoptar algumas medidas preventivas, nomeadamente o exercício físico adaptado a este objetivo, uma possível suoplementação com cálcio e vitamina D e no caso de doença instalada poderá ser proposta a medicação anti osteoporótica. Mas depois de instalada, a osteoporose não é curável, a medicação irá impedir o agravamento.
É urgente que perante um diagnóstico de cancro da mama, se comece a atuar imediatamente na prevenção da osteoporose. A sobrevida no caso do cancro da mama é cada vez maior, a qualidade de vida destas mulheres tem que ser uma prioridade. Começar com ações preventivas com foco na nutrição, no exercício e num estilo de vida saudável é urgente.
Uma dieta com boas fontes de cálcio, rica em proteína e pobre em sódio deve ser uma base. Exercício físico que promova o reforço muscular e exercícios que obriguem o corpo a atuar contra a gravidade, nomeadamente dança, corrida, caminhada, saltos são altamente indicados e devem ter espaço numa rotina diária.
A suplementação é um recurso importante que deve ser feito mediante supervisão de um profissional e ela pode incluir cálcio e vitamina D3 mas também vitamina K2 e por exemplo a melatonina, sobre a qual começamos agora a perceber tem um impacto importantíssimo na formação de massa óssea.
Se estás perante um diagnóstico de cancro da mama ou és sobrevivente, eu sei que muitas vezes esta não é uma questão, num momento em que a prioridade é salvar a vida. Mas lembra-te que 90% dos casos diagnosticados de cancro da mama são tratáveis e viver com qualidade tem que começar a ser a nossa prioridade.
Tu podes fazer essa diferença no resto da tua vida!